Projeto Do Favela 3D – Digna, Digital e Desenvolvida, do empreendedor social Edu Lyra, será franqueado para poder ser replicado em todo o país.
Tudo começou em 1897. Sem ter onde morar, ex-escravos residentes de cortiços demolidos no centro do Rio de Janeiro ocuparam o Morro da Providência, chamado de “morro da favela” devido à abundância das árvores conhecidas como faveleiras. Passados 126 anos, segundo o IBGE, há 11.403 favelas no Brasil, onde 6,6 milhões de residências abrigam 16 milhões de pessoas um em cada 13 brasileiras e brasileiros. Não é possível resolver um problema desse tamanho com soluções simplistas, como desocupar à força. “As pessoas ainda vão seguir morando em favelas, então é preciso dar dignidade a esses espaços”, diz o empresário e consultor Marcelo Cherto, especialista em franquias.
Uma das soluções foi desenvolvida pelo empreendedor social e Forbes Under 30 Edu Lyra, criador da Organização Não Governamental Gerando Falcões. A ONG foi fundada em 2011 para fornecer qualificação profissional para os moradores das comunidades. Dez anos depois, Lyra colocou em prática o projeto Favela 3D – Digna, Digital e Desenvolvida em uma favela em Ferraz de Vasconcelos, município da Grande São Paulo. A comunidade chama-se Boca do Sapo, mas foi feita uma repaginação, e os moradores escolheram o nome Favela dos Sonhos, sob a liderança de Bruno Poá. Graças às iniciativas do 3D, foi possível gerar renda pela reciclagem do lixo e revenda de doações, e empregar os moradores. “Atualmente 98% deles estão empregados, muito mais do que a média brasileira”, diz o consultor. O sucesso foi tanto que a 3D se uniu a Cherto para franquear o modelo. “Vamos desenvolver metodologias, replicar os projetos que deram certo”, afirma Cherto.
As soluções são diversificadas. Começam pela moradia: as casas são demolidas e reconstruídas com material reciclado. Passam pelo saneamento básico: é instalado um sistema de captação individual que reduz em até 93% o total de esgoto lançado na natureza. E incluem a geração de renda. “As comunidades recebem doações de empresas e, muitas vezes, o mais eficaz é ganhar dinheiro revendendo esses produtos”, diz Cherto.
Desde sua fundação, o Gerando Falcões levou programas educacionais e de capacitação a cerca de 6,6 mil favelas. Como as metas do 3D são mais ambiciosas, a intenção é incluir 100 comunidades nos próximos dois anos. “Vamos descobrir quais as favelas com mais potencial, onde a implementação seja mais fácil a princípio, para ir desenvolvendo e refinando o modelo”, afirma o consultor. “Todas essas informações serão de domínio público e qualquer liderança comunitária poderá reproduzir o modelo.”
Fonte: POR CLÁUDIO GRADILONE / Forbes