A NRF (Federação Nacional de Varejo dos EUA) realiza, anualmente, a maior convenção do mundo sobre o assunto. Promovido em Nova Iorque, o Retail´s Big Show 2019 gerou inúmeras discussões sobre o assunto, levantou tendências e aprofundou visões já conhecidas.
Perdeu o evento? Não tem problema! A gente te conta os principais assuntos discutidos no evento deste ano e o que merece a atenção de quem trabalha com varejo.
Resumidamente, os pontos focais são os seguintes:
- Uso intensivo de informação para ajustar o mix de produtos de cada ponto de venda com características dos consumidores da região em que está inserido;
- Enorme necessidade de se conhecer profundamente o consumidor e seus anseios;
- Necessidade de se criar uma conexão emocional entre o consumidor e a marca;
- Aproximação cada vez maior dos mundos físico e virtual, formando ambientes “figitais”;
- Importância de se fazer de cada ponto de venda físico um ambiente de entretenimento capaz de gerar experiências positivas e memoráveis ao consumidor;
- Relevância do funcionamento sem falhas do supply chain.
Fernando Campora, sócio-diretor do grupo Cherto que esteve presente à NRF, enfatiza que a novidade é o surgimento de empresas “meio”, que se especializam em desempenhar parte das tarefas que, normalmente, caberiam aos varejistas, que, no entanto, podem sofrer com falta de escala ou equipe.
Alguns exemplos de situações que englobam essa necessidade são:
- Uma empresa especializada na devolução de mercadorias;
- Outra, focada apenas na instalação de equipamentos de loja;
- Outra, de atendimento ao consumidor 24×7, com uso de inteligência artificial;
- Uma plataforma para inclusão de realidade aumentada nas lojas físicas.
“O varejo precisa de cada vez mais ferramentas e isso propicia o surgimento de especialistas em cada uma delas, prontos a dar suporte a quem não tem escala, ou mesmo a quem a tem, mas prefere focar naquilo em que é bom”, explica.
É cada vez mais comum que o mix de uma loja seja complementado com produtos e serviços de terceiros, com o objetivo de melhorar a experiência do consumidor. Para que isso funcione bem é fundamental uma curadoria organizada e profissional, que defina que mix adicional realmente faz sentido.
A cada ano do evento, aumenta também a importância da conexão emocional entre consumidor e marca. O conceito é antigo e o que há de novo são algumas ferramentas para isso.
Alguns exemplos de ferramentas disponíveis para o varejista que quiser fortalecer a conexão emocional entre seus consumidores e sua marca são:
- Realidade aumentada (AR) para entregar mais informação;
- Realidade virtual (VR), para permitir que o cliente consiga imaginar melhor algo que não consegue ver na loja.
Ainda de acordo com Campora, uma tendência clara é o aprimoramento dos mecanismos que permitem realizar compras por voz, nos sites de e-commerce. Por exemplo, os novos Echo Dot, da Amazon, que vêm equipados com o sistema Alexa.
Ninguém mais põe em dúvida a relevância das lojas físicas para gerar ou fortalecer a conexão emocional entre consumidores e marca. A abertura de uma loja física num determinado mercado aumenta em 52%, em média, o número de cadastros de clientes situados naquela área no banco de dados da empresa.
Provavelmente, é por isso que o conceito digital only é cada vez mais raro e tende a desaparecer. Varejista que inicia suas operações apenas via web, mais cedo ou mais tarde acaba implantando um ponto de venda físico para fortalecer sua imagem e gerar experiências para o consumidor.
Outro ponto interessante assinalado por Campora é o surgimento de muitos varejistas pequenos, que falam bem com seu público local, se posicionam e ganham mercado, mas podem não ter expressão para crescer. São bacanas, locais, sustentáveis e diferentes e tudo isso os valoriza aos olhos de seus consumidores, que os prestigiam exatamente por considerá-los únicos, exclusivos, especiais.
Se um dia vierem a se transformar em grandes redes, provavelmente perderão esse diferencial. Se bem que, em alguns casos, a criação de uma loja virtual poderá permitir que atinjam um porte razoável, embora mantendo sua imagem de locais e exclusivos.
Como O Boticário está implementando as novidades da NRF
Recentemente, a rede de franquias O Boticário inaugurou um novo conceito de loja, com diferentes ferramentas tecnológicas utilizadas pela primeira vez no varejo de beleza.
O objetivo da marca é oferecer ao consumidor uma experiência que aguce ainda mais os sentidos, criando uma maior simpatia com a marca.
Algumas das novidades implementadas no Boticário Lab, no Shopping Pátio Batel, em Curitiba, são realidade aumentada, espelho interativo de make, sistema omnichannel, pick up store e pagamento com celular.
A intenção do Boticário Lab é oferecer experiências imersivas, produtos e serviços exclusivos, além de tecnologias que facilitem o acesso aos produtos de forma customizada. Um exemplo é o atendimento personalizado a membros do Clube Viva.
E o seu negócio? Como está se preparando para essa forte chegada da tecnologia ao varejo?
Vale a pena investir nessas mudanças para sobreviver em um mercado que se reinventa diariamente. A hora é agora!